Caminhando com um discípulo, um mestre zen apontou-lhe uma raposa que perseguia um coelho. – Segundo uma fábula antiga, o coelho escapa da raposa, disse o mestre. – Não acho, a raposa é mais rápida, respondeu o discípulo. – Mas o coelho vai enganá-la, insistiu o mestre. – Por que o senhor tem tanta certeza? – Porque a raposa corre pela sua refeição e o coelho corre pela sua vida.
Talvez por corrermos pela refeição é que vivemos fazendo duas, três coisas ao mesmo tempo. Por não concentrarmos no que realmente é importante para nova vida é que vivemos sob a insensatez da pressa, da afoiteza, de trabalhar sob tensão.
Quantas vezes fazemos mais de uma coisa ao mesmo tempo? Ou pensamos em várias coisas ao mesmo momento? Inúmeras. E o pior de tudo isto é que passamos a fazer por fazer, superficialmente, sem concentração.
Vejo empresários iniciarem várias frentes de trabalho simultaneamente, pessoas atuando em muitas situações ao mesmo tempo e outros falando ao telefone, escrevendo e atendendo alguma pessoa.
A tecnologia trouxe facilidade, mas também dificuldades de privacidade, fazendo com que as pessoas sintam-se na obrigação de ficarem online com tudo e com todos. Numa sensação de que se não estiver disponível não será eficaz.
A eficácia está justamente em fazer o que deve ser feito e deixar de fazer o que não é importante. Para isso segue uma dica: – Mergulhe profundamente no que estiver fazendo e faça uma coisa de cada vez.
Se forem tarefas corriqueiras do dia-a-dia, liste-as e comece pelas mais importantes – sem cair na tentação de fazer as mais fáceis primeiro. Concentre em cada uma delas como se fosse a única coisa que você tem de fazer hoje. E realizará com mais qualidade e com menos tempo.
Se for uma nova empreitada em sua vida, mergulhe profundamente nela, capacite quem vai lhe ajudar e depois de um tempo você estará livre para começar outra nova empreitada, deixando aquela fluir com facilidade.
Bloqueie tempos privativos para tarefas especiais. E nesses momentos não se permita interromper por pessoas e telefonemas. Concentre-se e sentirá apreço e satisfação na realização.
A paciência e o tempo têm suas próprias maneiras de resolver as nossas necessidades. Mas, se estiver atabalhoado de atividades pendentes, vá para um lugar que ninguém lhe incomoda e fique quieto por uma hora sem fazer nada, meditando.
Se tiver algo lhe afligindo pense assim: “daqui ha uns meses isto não me incomodará mais, não estarei mais preocupado com esse mau momento, então decido assumir desde já a mesma atitude que terei daqui um tempo, HOJE”! Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional, e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. www.seubolso.com.br