É meu! Esse é o maior desejo de todos, ser dono e poder dizer: É meu. Meu carro, minha casa, minha empresa. Minha sede própria, meu caminhão, meu armazém.
Alguns empresários sabem o peso de imobilizar, mas a maioria não tem noção e pensam que é o melhor dos mundos ser dono da sede própria e não precisar pagar aluguel.
A segurança é o primeiro item pensado pelos gestores quando eles querem garantir a tranquilidade, no futuro, da empresa. Querem ter lucros e dinheiro em caixa, mas isso não traz segurança, pensam, tanto como ter a empresa edificada sobre pilares e telhado próprios.
Os motivos são justos, pois nesse caso ninguém irá forçar-nos a mudar de endereço e que em época de crise não teremos o compromisso de pagar aluguel. Sem esquecer que é uma satisfação responder a indagação dos outros: De quem é o prédio? É meu.
Bem, mas como com negócio próprio não se brinca, vamos olhar por outros ângulos. Trago cinco paradigmas para meditar, analisar e tomar a melhor decisão. Se você está pensando em abrir um negócio, ou se já tem, terá de evitar erros, principalmente quando envolveu alguns anos de trabalho para levantar o dinheiro.
O primeiro paradigma é o do retorno sobre o capital investido. Ao abrir uma empresa, quanto menor o capital disponibilizado, maior o retorno do lucro sobre ele, trazendo vários benefícios para o investidor. Eu digo “investidor” porque abrir um negócio próprio é investir, tal qual abrir uma poupança, comprar ações ou adquirir um imóvel.
Meu professor de finanças corporativas da FGV nos contou em sala de aula um exemplo de um empreendedor do sul do Brasil que tem uma transportadora com mais de cem caminhões. Quando o filho assumiu, vendeu todas as carretas e alugou outras no lugar. Trouxe o capital investido para baixo e a rentabilidade decuplicou.
O segundo paradigma é o custo comparado com o benefício. É quando o valor do aluguel é menor que a atratividade de outro investimento. Trocando em miúdos, o valor para construir prédio próprio aplicado em outros ativos retorna mais que o valor pago todo mês de aluguel. Então é melhor pagar aluguel e investir o dinheiro em outro bem com boa rentabilidade.
O terceiro é o risco. Esse é talvez um dos mais importantes e também o mais esquecido. Todo empreendimento é arriscado, empresas também, e se vier a sofrer algum impedimento de continuidade e vier a “quebrar”, aquele dinheiro que você aplicou em outro ativo continua lá “crescendo”, enquanto você cuida para “sarar” o de terceiros.
O quarto é o tributário. Enquanto você paga imposto pelo capital investido, se for aluguel pode abater das receitas para diminuir o imposto a pagar e os ganhos vão para o caixa.
E o quinto é a flexibilidade. Se a sede for própria, fincou pé, não sai mais. Se uma grande empresa for aberta próxima e o seu movimento cair, já foi pro “brejo” e é nessa hora que não aparece comprador para seu “é meu”. Se o prédio for alugado, você vai buscar um novo começo, em outro local, podendo diminuir ou aumentar o tamanho da sede, conforme a nova necessidade.
Então, responda, é mais seguro ter a sede própria ou dizer é meu, mas é alugado?! Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulogouveia@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br.