1-) Um rei submeteu sua corte à prova para preencher um cargo importante. Então, disse aos súditos, vejam esta porta enorme. Qual de vocês pode abri-la? Alguns dos cortesãos balançaram a cabeça, outros olharam mais de perto, mas desistiram. Somente uma única pessoa aproximou-se da porta, examinou a, tateou, tentou movê-la de muitas maneiras e, finalmente, puxou-a com força. E a porta se abriu. Ela estava apenas encostada. Então o rei disse: – Você receberá a posição de relevo na corte, pois não confiou apenas naquilo que viu ou ouvi; você colocou em ação suas próprias faculdades e arriscou experimentar.
A moderna administração compreende que todo ser humano é competente se estimulado, se motivado e que pode contribuir com a organização nos limites do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais e para que isso ocorra é necessária uma técnica administrativa que propicie a participação e estimule a criatividade. Evitando assim a cristalização das opiniões pela falta de troca de experiências e propiciando a oxigenação de ideias e possibilidades de recursos morais e materiais.
Não podemos andar para frente se não abrirmos mão das coisas do passado, que servem como aprendizado, mas são sem utilidade quando insistentemente mantidas no presente pelas cobranças desnecessárias. Sem isso os colaboradores começam a considerar o seu trabalho como uma profissão delimitada e não mais como ações sem fronteiras em torno de uma causa. É preciso então, reverter o processo, permitir um modo diferente de ser, de
evoluir.
A grande pergunta será: A vida é coisa a ser administrada, dirigida e controlada? Não temos a onipotência, a capacidade de controlar os fatores externos e as vontades de outras pessoas. O caminho natural será reverter a postura de controle total para a postura de Permitir, de Possibilitar, de Saber Receber e Saber Responder. O diálogo contínuo, então, é imprescindível. As empresas terão assim de criar espaço para refletir, compartilhar, revelar as preferências e tendências, estimular a confiança e o calor pessoal, incubar novas ideias e possibilidades criativas. Tudo isso precisa ser alimentado, apoiado e nutrido.
Precisamos valorizar o ser humano, exercitando a verdadeira dinâmica de amor, respeitando a diversidade de aptidões, permitindo que todos os funcionários tenham voz e possam participar das decisões. O Objetivo maior é tornar moderna a administração em consonância com os novos tempos, de modo a substituir as reuniões tradicionais, as decisões dos intervalos, nos pequenos espaços deixados entre uma atividade e outra, para
que sejam mais objetivas, trazendo maior qualidade nas tomadas de decisões.
Precisamos aprimorar a capacidade de ouvir o outro, de oportunizar tempo com qualidade para o planejamento das ações principais e metas das empresas, entre duas ou mais pessoas. Assim quem sabe teremos mais pessoas dispostas a ousar e inovar, criar, em nosso reino. Pense nisso, mas pense agora.
2-) Conta-se que, numa granja, havia um galo que se destacava dentre todos os outros pela coragem, pelo espírito de aventura e pela ousadia. Não tinha limites e andava por onde queria, mas o dono não apreciava essas qualidades. Um dia, fincou um bambu longe da granja, no meio do pomar, arrumou um barbante e amarrou o galo. De repente o mundo tão amplo foi reduzido à uma distância na qual o barbante lhe permitia chegar. De tanto andar nesse círculo,
a grama, que era verde, foi desaparecendo e ficou somente a terra.
Depois de um tempo, o dono, acreditando que o castigo já estava dado, pois o galo havia se tornado pacato e desinteressado, cortou o barbante e soltou-o. Agora livre, mesmo solto, não ultrapassava o limite que lhe havia sido imposto. Olhava para o lado de fora, mas não tinha coragem para se aventurar e sair do seu espaço.
Assim muitos líderes fazem com sua equipe de colaboradores, impondo limites e não permitindo a criatividade e inovação. Talvez, com medo de ser superado ou de errarem. É preciso ousar, liberar, permitir, unir.
O ideal de união vem contribuir com o desenvolvimento moral dos seres humanos, em um novo mundo novo com constantes mudanças. As mudanças sempre existiram somente que, nunca foram tão constantes e com tanta velocidade. O sucesso de ontem, não garante o de hoje ou o de amanhã.
O executivo do século, Jack Welch comenta: “Se você não está perplexo não sabe o que está acontecendo”, para alertar-nos da necessidade de estarmos preparados para constantes mudanças. Já não será a maior empresa que seguirá na frente em competitividade e sim a mais flexível, mais rápida e ágil, e para isto o capital humano será a grande diferença. Precisamos de pessoas proativas com condições de prosperar em situações de risco e encarar desafios, com habilidades comportamentais, sendo criativo, competente, flexível e ter bom relacionamento interpessoal.
Também saber dar foco no cliente, trabalhar em equipe, viver bem mesmo sob as pressões do dia a dia e saber liderar os seus liderados, os colegas, seu chefe, bem como a si mesmo.
“Os clientes podem demitir todos de uma empresa, do alto executivo para baixo, simplesmente gastando seu dinheiro em algum outro lugar.” afirmou Sam Walton, lembrando-nos a responsabilidade que nos cabe frente à
capacidade de cumprir com as promessas feitas aos clientes, consumidores.
Uma pesquisa de Harvard revelou que existem pessoas que são verdadeiros gênios fracassados, pois foram incapazes de relacionar-se com as outras pessoas e com suas próprias emoções. Ou seja, nem sempre os melhores alunos se transformam em sucesso. Pense nisso, mas pense agora!
3-) Havia um sábio que era sempre buscado pela multidão para conselhos e bênçãos. As pessoas bebiam suas palavras. Entretanto, havia um sujeito desagradável, que não perdia a oportunidade de contradizer o mestre. Notava
as fraquezas do sábio e caçoava de seus defeitos, para a consternação dos discípulos, que começaram a considerá-lo o diabo em vida.
Bem, um dia o “diabo” ficou doente e morreu. Todos suspiraram de alívio, menos o mestre. As pessoas ficaram surpresas e perguntaram-lhe o motivo. Foi então que o sábio disse: – Por que deveria lamentar nosso amigo que agora foi embora? Era por mim mesmo que eu lamentava. O homem, afinal, era o único amigo que eu tinha. Agora estou cercado de pessoas que me reverenciam. Ele era o único que me desafiava. Com sua partida, temo parar
de crescer.
Vamos instalar em nossas organizações desafios periódicos de troca de experiências e de ideias.
Para instalar a OVE – Ouvindo a Voz da Empresa, todos os funcionários sentam-se em cadeiras colocadas em forma circular ou oval, para ficarem fisicamente “iguais” e percebendo as movimentações e expressões faciais, pois
o corpo diz o que passa dentro dos indivíduos.
Algumas regras básicas são necessárias e não devem ser mudadas, sob o custo de vir a se tornar uma reunião comum, com linguagem agressiva, onde muitos discutem varias coisas, decidem pouco e depois não realizam nada.
Então, deveremos permitir somente Sugestões. Os problemas deverão ser sempre associados à sugestões que visem solucioná-los. Deverá ser também formado uma pauta, que depois tratará somente de um assunto por vez até
esgotá-lo. Após encontrar um encaminhamento, uma ação, define-se quem irá fazer, quando, como e com quais recursos. Anota-se na Relação de pendencias atualizadas (RPA) para acompanhar nas demais OVEs. Pode-se numerar para obter progresso histórico.
A figura de um Mediador é fundamental. Ele será aquele que apesar de, não necessariamente, ser o diretor da empresa, tem o perfil para comandar grupos em dinâmicas participativas, com domínio do ambiente e liderança. Inicialmente irá ordenar a pauta, solicitando um a um, as sugestões que trouxeram. Vai acompanhar o desenvolvimento das sugestões, interferindo quando mais de um assunto é colocado ou se mais de uma pessoa intervém. Terá o cuidado de observar o tempo para começar e terminar no horário combinado. Após montar
a pauta do dia, lê a RPA e passa a palavra aos responsáveis. Pode-se criar a figura do “Crono”, aquele que sinaliza o tempo, e do “observador” que controla as inscrições.
A interação virá na própria dinâmica na qual às sugestões será a pedra fundamental para gerar ações proativas e positivas. Pense nisso, mas pense agora!
4-) Havia um leão que foi aprisionado em um campo onde tinha outros leões que lá estavam há bem mais tempo. Os leões dividiam-se em grupos. Um grupo era formado pelos socializadores; outro montava espetáculos e um terceiro cuidava das atividades culturais, pois seu propósito era preservar os costumes, a tradição e a história dos tempos em que os leões eram livres. Havia grupos religiosos, que se reuniam principalmente para entoar hinos sobre uma selva
do futuro, na qual não haveria grades. Alguns grupos atraíam os literários e os artísticos por natureza outros, ainda haviam os revolucionários que reuniam-se para conspirar contra seus captores ou contra outros grupos revolucionários. De vez em quando, estourava uma revolução e um grupo era exterminado por outro.
Foi então, que o recém-chegado notou um leão que parecia sempre imerso em seus pensamentos, um solitário que não pertencia a nenhum grupo e passava a maior parte do tempo afastado de todos. Havia algo nele que atraía, ao
mesmo tempo, a admiração e a hostilidade de outros. Sua presença provocava segurança, mas às vezes medo e insegurança. Descobriu o que o compenetrado leão fazia quando ele lhe disse: – Não se junte a nenhum grupo,
esses pobres tolos ocupam-se de tudo, exceto daquilo que é essencial. – e o que é essencial? Perguntou novamente. – Estudar a natureza da cerca.
E você estuda, medita sobre a natureza das cercas que lhe impedem de avançar, ressignificar com algumas do passado para que renovado possa cuidar-se em essência?
Vejamos os benefícios da dinâmica da OVE, conforme os três últimos artigos publicados.
A OVE irá Globalizar a Linguagem, na medida em que se interagem os pensamentos nos debates e que todos que, participando das decisões apoiam. Mesmo aqueles que inicialmente ou depois ficaram contra terão tido oportunidade de verbalizar suas opiniões evitando as discussões estéreis, que normalmente ocorrem nos intervalos das atividades.
Vai Gerar Motivação, pois o estímulo será natural com a possibilidade de todos participarem, contribuírem, sugerirem e opinarem. A habilidade ganha vida, quando multiplicada pela motivação,
Irá Gerar ações de União, na medida em que se organiza e planeja baseado na igualdade de direitos. Discordar é, quando bem intencionado, uma atitude saudável, quando não se está de acordo por uma ou outra razão. Pensam que
a união, a proximidade, ou a unidade, é fruto de pensar igual, de ser igual, mas ela virá da capacidade de valorizar os pontos de vista diferentes na busca da capacidade de complementar, de somar pensamentos.
Vai Gerar novas Ideias, como na história do Pote de Mel. Uma empresa do Alaska se reuniu para decidir o que fazer com os cabos de energia elétrica que estavam arrebentando com o peso da neve. Uma pessoa sugeriu colocar um
pote de mel em cima dos postes, já que o urso polar fareja o mel a longa distância, irá balançar o poste para derrubá-lo e derruba a neve também. Mas como colocar o pote de mel em cima dos postes? Perguntam uns, pensaram
outros e alguém sugeriu com o helicóptero da empresa. Resultado foi que, com o vento da hélice do helicóptero a neve caia. A grande solução veio do pote de mel que virou helicóptero.
Tenha atitudes como se hoje fosse o seu ultimo dia na terra e faça planos de longevidade. Pense nisso, mas pense agora!
5-) Na idade média, um homem muito religioso foi injustamente acusado de haver cometido um assassinato. O autor do crime era uma pessoa influente no reino e por isso, pegaram-no como bode expiatório para acobertar o verdadeiro assassino. Ao ser levado a julgamento, já antevia a sua sentença: a forca, já que o juiz também participava da farsa. O juiz querendo parecer justo disse ao acusado: – Vou escrever em um pedaço de papel a palavra INOCENTE e em outro a palavra CULPADO. Você sorteará um dos papéis e aquele que escolher será o seu veredicto. O seu destino está em suas mãos.
O juiz, que escreveu sem ninguém ver a palavra CULPADO em dois papéis, colocou-os em uma mesa e mandou o acusado escolher. O homem religioso pensou alguns segundos e intuitivamente engoliu um dos papéis. Os presentes reagiram, e agora como saberemos o seu veredicto? – Muito fácil, respondeu o acusado. – Basta olhar o pedaço que sobrou para sabermos que engoli o seu contrário. Foi assim que o homem foi liberado.
Por mais difícil é alguma situação, sempre podemos encontrar uma saída, quando nos mantemos concentrados naquilo que queremos, e não naquilo que não queremos.
Vejamos a continuação dos benefícios da dinâmica da OVE, conforme os quatro últimos artigos publicados.
Irá Gerar Sinergia, que é o ato ou esforço coordenado de vários órgãos na realização de uma função. A mistura de aptidões é necessária a fim de que cada um possa ter uma função útil, pois, o que um não faz o outro faz. Valorizar as diferenças é a essência da sinergia, as diferenças mentais, emocionais e psicológicas entre as pessoas. E a chave para valorizar as diferenças é perceber que todas as pessoas veem o mundo não como ele é, mas como elas são. A sinergia trará uma visão mais abrangente e a colaboração de trabalhadores com conhecimentos individuais, decuplicando-se as ideias. Se você coloca duas peças de madeira juntas, elas aguentarão muito mais que o peso suportado por cada uma individualmente. Assim é que o todo é maior que a soma das partes.
Oportunizar Liderança: A Diretoria tem a oportunidade de incentivar, motivar, deliberar, enfim influenciar o grupo para as questões éticas, morais e de benefícios mútuo. Também, os líderes e trabalhadores tem a oportunidade de trazer sugestões, informações e influenciar nas decisões. Fica então a questão benéfica: Quem comanda e quem serve? Quem lidera e quem segue?
Poderá Aliviar Tensões na medida em que oportuniza descarregar as tensões geradas por situações desagradáveis. Se um tem razão, todos acabarão por pensar como ele, se está em erro, acabarão por pensar como os outros. Importante ressaltar que é melhor procurar sempre falhas de um processo e evitar a busca de culpados.
Como a OVE não tem sobreposição de assuntos e é comandada por sugestões, como todos os participantes têm a mesma importância e a participação de todos é em igualdade de direitos e diferentes obrigações os resultados virão paulatinamente. Certo é que será necessária a fidelidade à periodicidade, o comprometimento individual. O agendamento com antecedência, a divulgação no mural e por e-mail.
E para motivar, estimular compre uma caixa de bombons. Defina somente dois momentos para as pessoas ganharem bombons. Toda vez que derem uma sugestão e quando disserem algo que gere um sentimento de positividade nas pessoas. Quem irá dar o bombom? A pessoa que sentiu a energia motivadora da fala do outro. Às vezes alguém ganha muitos bombons ao mesmo tempo pelo que disse de valoroso. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional, e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulogouveia@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br