Com associado Saulo Gouveia – Sentir o Perfume das Rosas
Se você soubesse que hoje fosse seu último dia na Terra será que você se aborreceria com a bagunça em sua casa ou uma ruga a mais na face? Desperdiçaria tempo discutindo sobre coisas banais, querendo provar quem tem razão? É mais provável que iria usar esse tempo para dizer a quem você ama o quanto a ama, ou iria buscar as pessoas as quais você tem em estima e agradecer por tudo que lhe fizeram. Tudo a sua volta teria VALOR MAIS PROFUNDO, como a sensação suave da brisa acariciando o seu rosto, notaria no jardim as flores perfumadas e às vezes buscaria alguém para pedir perdão.
É certo que no dia de hoje milhares de pessoas sairão de casa alegremente e não voltarão mais, vítima de algum acidente ou de situações inesperadas. E pensar isto, não será útil para gerar ansiedade e nem deixar de pagar as contas ou ficar indolente quanto aos afazeres. Será bastante útil viver todo dia como se fosse o último para prestarmos atenção na vida que levamos e quais são nossas PRIORIDADES.
Será importante ter PROJETOS DE LONGEVIDADE, mas também será valoroso praticar a gratidão pela vida DESACELERANDO, para perceber tudo em volta e dentro de si. A agitação diária, a mente inquieta, nos torna criaturas tão frágeis que nem perceberemos a abundância que nos cerca e nem o dom de respirar, o sabor da comida, do perfume das rosas. Não veremos um gesto educado de alguém, nem o olhar de outrem demonstrando profunda amizade.
David Kundtz, em seu livro “A ESSENCIAL ARTE DE PARAR” propõe a prática das pequenas paradas. São interrupções breves e intencionais feitas enquanto esperamos o micro-ondas aquecer o leite, aguardamos em uma fila, nos deslocamos de um compromisso para outro ou paramos no sinal vermelho.
Sentado ou de pé, você deve “PARAR, RESPIRAR E LEMBRAR”. Pare, sinta a inspiração e a expiração e lembre-se. Pense em qualquer coisa que seja importante para você: as pessoas que o amam, aquilo que lhe causa alegria, a paz que você preserva em seu interior, o objetivo da tarefa que está executando naquele momento. São inúmeras as alternativas, mas agradeça por cada uma delas. Depois retome a sua atividade e perceba como está reabastecido.
Faça pequenas paradas muitas vezes por dia, para desenvolver uma sensação de PAZ INTERIOR e aguçar sua percepção. Escolha parar no meio de uma tarefa, respire profundamente, relaxe o corpo e pense.
Thich Nhat Hanh desenvolveu uma meditação chamada “MEDITAÇÃO DO ABRÇO”. Você deve abraçar alguém três vezes, inspirando e expirando conscientemente. Na primeira vez os dois devem pensar que em algum momento ainda não conhecido não vão mais estar aqui. Na segunda vez você concentra sua mente na ideia de que em algum momento desconhecido a outra pessoa não vai mais estar aqui. Na terceira vez você deve sentir profundamente que vocês dois estão aqui, agora, juntos, nesse momento precioso.
Buda disse certa vez que a SORTE muda como o movimento do rabo de um cavalo e Stephen Levine acrescenta que “pode ser que amanhã você sofra um acidente e fique tetraplégico…quanto mais você se abrir para a vida, menos a morte será sua inimiga. Quando você começar a usar a morte como um meio de se concentrar na vida, cada momento passa a ser real, uma oportunidade extraordinária de estar realmente vivo.” Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia (www.seubolso.net)