Um mestre é semelhante ao Sol quando nasce pela manhã e os pássaros imediatamente começam a cantar. Eles surgem voando de todos os lados, celebrando e dando boas-vindas ao novo dia através das canções. O Sol não age diretamente sobre eles, mas algo acontece; o ambiente que ele cria faz com que os pássaros se sintam vigorosos, jovens e vivos.
As flores começam a desabrochar…O Sol não está se impondo a cada flor, forçando-a a se abrir, pelo menos não de uma forma direta. Entretanto, os seus raios dançam ao redor da flor, dando-lhe calor e encorajando-a delicadamente. As flores têm de ser tocadas de uma forma suave, se você forçar suas pétalas a se abrirem elas não resistirão. Você conseguirá fazer com que se abram, mas ao mesmo tempo elas morrerão. O Sol simplesmente cria o clima no qual elas podem desabrochar. Um desejo interior surge dentro delas, algum instinto misterioso entra em sintonia com o calor do Sol. E as flores se abrem e começam a exalar sua fragrância.
Exatamente como o trabalho do mestre… Ele não pode entregar a nós aquilo que conhece, mas pode criar um certo campo de energia no qual as nossas pétalas podem abrir-se, as nossas sementes são encorajadas, propiciando coragem suficiente para dar o salto, momento em que o milagre torna-se possível.
Nossos filhos não são propriedades nossas, não temos controle de seus destinos, não conseguiremos dar-lhes a felicidade, nem hoje e nem no futuro. Podemos, sim, oferecer-lhe modelos de bom caráter, com coragem e ética. Um filho com bom caráter saberá manter-se íntegro mesmo sob adversidades que certamente ocorrerão em sua vida, em algum lugar do futuro.
Estejamos convencidos e firmes em sermos os exemplos vivos daqueles que irão comandar o mundo um algum lugar do futuro. E se ainda nos falta a convicção, sigamos a sabedoria do poeta Gibran Kahlil Gibran: “Seus filhos não são seus filhos. São filhos e filhas da vida por si mesma. Eles vêm através de você, mas não são de você! E, embora estejam contigo, não te pertencem…
“Poderá dar-lhes seu amor, mas não seus pensamentos, pois eles têm os seus próprios pensamentos. Poderá acolher seus corpos, mas não suas almas, pois suas almas habitam a mansão do amanhã, que você não pode visitar nem mesmo em sonho. Poderá tentar ser como eles, mas não tente torná-los semelhantes a você! Pois a vida não para e nem se atrasa com o dia passado.”
Somos o arco pelo qual nossos filhos serão projetados como flechas vivas. O arqueiro vê o alvo no caminho do infinito e dá a sua força para que suas flechas voem firmes para longe…
Que a sua firmeza pela mão do arqueiro seja para a alegria, pois assim como ele ama a flecha que envia, ama o arco que permanece.
Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Carvalho é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulocarvalho@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br.