É a classe média. É ela quem paga e leva somente uma parte. É ela quem mais contribui com impostos no país, quem mais contribui com juros nos crediários, com mão-de-obra especializada, também nas áreas do ensino, da tecnologia, do desenvolvimento social, enfim, o que seríamos de nós sem a classe média?
A gente vê inúmeros índices divulgados de que o país vai bem e que as coisas mudaram para melhor. Concordo que mudamos para melhor, pois aprendemos a “nos virar” mais com menos. Tudo que é dito sobre avanços pode ser medido, e para tirar a prova da verdade versus o engodo precisamos de um único dado: a quantidade (percentual) da classe média na população.
Se as condições sociais melhoraram significa que mais pessoas subiram da classe da pobreza para classe média. E aí, aumentou a participação da classe média no Brasil? Não. Aliás, sim, 1%. Eram 20% da sociedade em 1996 e agora são 21%. “Mata a cobra e mostra o pau”: Os pobres continuam pobres, e se nossa população aumentou, aumentaram os necessitados. Ora, no mesmo período no México a classe média saiu de 19% para 43%, quase a metade da população já é classe média, isso sim é mudar para melhor, é oportunizar ao cidadão viver dignamente, extraindo seu sustento do próprio esforço e capacidade. O que oportunizou esse benefício foi o crescimento da produção do país, o Produto Interno Bruto, o famoso PIB.
Se formos comparar os países que tiveram um crescimento maior do PIB, milhares “subiram” alguns degraus na classe econômica. A China tirou da pobreza e aumentou a classe média em cento e quarenta milhões de pessoas, quase a população do Brasil. Sei que ainda é pouco para aquele país, mas só conseguiram isso porque seu PIB aumentou na última década em 160% contra 30% do Brasil. Tá explicado!
Por isso que o crescimento do Produto Interno Bruto é importante, pois somente gerando mais produção se gera mais empregos qualificados, necessitando de mais pessoas com melhores níveis. As empresas têm assim de capacitar seus colaboradores, que consequentemente sobem de nível social. Diminuindo a necessidade da esmola do Bolsa Família. O país precisa crescer mais de 5% ao ano, ou o colapso virá. Por vários motivos e um deles é êxodo rural, a situação é alarmante no mundo, a população urbana já está perto de 50%. Já foram 3% em 1800, um século depois, em 1900, já era 14%. Cada semana 1,3 milhão de pessoas chegam às cidades do mundo.
A classe média paga o pato e a classe pobre nem dinheiro para comprar o frango tem. Ademais, os impostos, serviços bancários, contribuições trabalhistas, etc., tiveram o seu percentual dobrado em 30 anos, reduzindo as possibilidades de investimentos em um terço. Segundo o IBGE, 27,15% das famílias brasileiras informaram ter muita dificuldade para chegar ao fim do mês com o seu rendimento. Isso significa mais sofrimento, mais endividamento, mais juros, mais pobreza.
Qual a solução? Simples, crescer o PIB. E é fácil? Sim, é só o governo reduzir despesas, gerar superávit, e investir. Consequentemente após o aumento do investimento vem a possibilidade de reduzir a carga tributária, o resultado é mais produção. Mais produção, mais arrecadação, mais arrecadação, mais possibilidade de investir. É a “bola de neve” virtuosa.
É fácil? Sim, é só querer. É rápido? Não, leva algum tempo. E esse tempo é medido desde o dia que começar, então que tal começar imediatamente? Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Carvalho é consultor financeiro e organizacional, atuando para oferecer novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulocarvalho@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br