Ele era mecânico de motos e sustentava sua família com os recursos advindos de uma pequena oficina. Até que naquele dia fatídico um caminhão avançou o sinal vermelho e o pegou de frente. Do acidente resultaram várias fraturas, cirurgias, muitos dias em coma e mais de dois anos de inatividade na cama em casa.
O saldo do acidente, além da limitação de movimentos e uma perna mais curta do que a outra. Foi a falência de sua oficina de motos. Sem trabalho, sem nenhum diploma, com dívidas e com a família passando necessidades tinha tudo para desistir de viver.
A necessidade extrema o levou a buscar seu direito de receber o DPVAT. Aquele seguro obrigatório (somente no Brasil) que todos nós pagamos junto com o IPVA. Foram mais dois anos cumprindo todas as exigências de certidões, documentos, laudos, além do vai e vem interminável das solicitações incompletas.
Recebeu um mil e quinhentos reais. Pouco, mas possibilitou-lhe cobrir as dívidas. Qualquer um pararia por ai, mas não com ele, que transformou – como ele mesmo diz – esse limão em uma tremenda limonada. Teve a idéia de abrir em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, um escritório especializado em serviços de consultoria e auditoria na área de seguros, com ênfase no DPVAT.
Começou com apenas dois funcionários, mas aos poucos a clientela foi aumentando e também o número de colaboradores. O prazo de dois anos para receber, com sua consultoria diminuiu para no máximo 40 dias. Hoje, 17 anos depois, tem duas filiais, no Rio de Janeiro e em São Paulo e clientes no Brasil todo.
Para muitos que o vêem hoje, pensam: “que cara de sorte…”, e não imaginam quantos tombos ele levou e que lhe foram a escola para – sem desistir nunca – superar todas as adversidades.
Muitas pessoas, infelizmente, estão despreparadas emocionalmente para superar obstáculos, preferem contar com a sorte. Além do mais, pensam que imprevistos e acidentes somente ocorrem com os outros. Reféns e escravos do crédito e dos empréstimos para sobreviver.
É hora de todos, jovens e adultos meditarem com profundidade como querem suas vidas. Oportunizar-se “paradas” em família para tomar medidas imediatas a fim de preparar-se para os novos tempos. Assim, criar planos para inverter o consumismo em um sistema de acumulação de capital, com geração de poupança, em busca da independência financeira.
Sabemos que para iniciar um plano preventivo no qual buscamos estabelecer metas como a independência financeira é complexo, pois é preciso superar hábitos arraigados, com a ajuda da família. Todos nós podemos criar novas oportunidades, em outras atividades ou mesmo onde já estamos.
Por isso é necessário pararmos para pensar no que desejamos para a nossa vida, pois nada vai mudar para melhor de forma mágica ou miraculosa, porém como o antigo mecânico de motos fez, com dedicação e esforço. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional, e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. www.seubolso.net