Foi o que o padeiro Antônio disse, após o quarto ano de sucesso de sua panificadora. Na vitrine vários “sonhos” docinhos, recheados e apetitosos, e no escritório as planilhas mostram que ele já tem dinheiro para aplicar em outros ativos. Qual o segredo do sucesso financeiro do padeiro Antônio? Planejamento sem improvisações. Escolha do sócio certo e um bom plano.
O sonho de muitos e realização de poucos é abrir o negócio próprio para não depender de patrão e ganhar muito dinheiro. Isso pode deixar qualquer um extremamente animado ou de cabelo em pé. Começa uma confusão mental que se assemelha ao nascimento do primeiro filho. As emoções são de ansiedade, alegria e confusão. Nesse emaranhado de sentimentos os enganos são quase inevitáveis. Só não basta uma boa idéia, para dar certo ela precisa ser bem planejada e bem executada. Pois, a teoria é bem diferente da realidade, normalmente na hora de executar é que os problemas aparecem e pegam desprevenidos os marinheiros de primeira viagem.
Escolher os sócios é o primeiro e um dos mais importantes passos para o sucesso do negócio. Eles devem ter qualidades profissionais específicas e diferentes que se complementam. Se um é bom em finanças o outro precisa ser competente na produção. Se um é exímio de relacionamento com os clientes o outro deverá ser forte na administração e nas compras.
A sinergia, a força não está em ser igual, está na soma das diferenças. Ser igual não significa proximidade. O importante é saber aproveitar o dom de cada um, e fazer que juntos consigam mais resultados do que separados.
A ruína ocorre mesmo quando o sócio é um amigo, colega de profissão, da faculdade ou parente. A sociedade dará certo é pelas qualidades específicas e os dons naturais de cada um.
Muitas parcerias fracassam depois de serem acertadas em conversas amigáveis, bate-papo de família ou idéias geradas no escritório. Vemos dizerem depois da dissolução da sociedade que: “sócio nunca mais”. E tem razão, muitas delas são mais difíceis de desfazer e carregam traumas piores que alguns divórcios.
Conheço um caso: Amizade de alguns anos, conversa em um bar no Rio de Janeiro e os três combinaram um novo empreendimento em Cuiabá. A idéia parecia estar indo pelo caminho certo. Mas as divergências na sociedade começaram a surgir. Nenhum dos três tinha conhecimentos profundos de administração ou de marketing, o que seria necessário para gerir o negócio.
Enquanto um pensava em agir de um jeito o outro dizia não ser necessário. O perfil não era complementar e nenhum deles com conhecimento e competência para as questões administrativas, de liderança e financeiras.
As discussões se tornaram insuportáveis e a amizade foi para o espaço. Tiveram de buscar a ajuda de advogados para intermediar as conversas e mesmo assim não houve acordo. Tentaram vender a parte de um, não se chegou a um acordo de valores. E assim os tribunais ganharam mais uma tarefa para resolver.
“Quem tem sócio, tem patrão”, já diz o ditado popular. Então pense bem antes, analise-se e ao seu futuro sócio, suas qualidades profissionais e gostos pessoais, para só depois assumir um compromisso de viverem juntos tão intimamente. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional, e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. www.seubolso.net