O Hindu chegou aos arredores de certa aldeia e sentou-se para dormir debaixo de uma árvore. Nesse ínterim, chega correndo um homem e diz: – A pedra! Eu quero aquela pedra. Sonhei e vi meu Senhor Shiva me dizendo que eu viesse lhe encontrar que me daria uma pedra que me faria rico para sempre. Então o Hindu tirou a pedra da sua trouxa e entregou dizendo: – Encontrei-a numa trilha da floresta, alguns dias atrás; podes levá-la!
O homem percebeu que era o maior diamante jamais visto. Foi embora e naquela noite não conseguiu dormir, revirando na cama. Então, ao romper o dia, foi ver novamente o Hindu e pediu-lhe: – Eu quero que me dê essa riqueza que tornou possível desfazer-se de um diamante tão facilmente.
No mundo atual o valor do dinheiro foi distorcido pelas crenças limitadoras e pela inversão de valores. O dinheiro é neutro, nós é que lhe damos o “tempero” correto. Poderemos utilizá-lo para o bem ou para o mal, desenvolvendo armas ou vacinas, cabe-nos a escolha.
O ser humano vive uma relação conflitiva com o dinheiro, às vezes querendo-o, outras o desprezando, ao mesmo tempo em que o deseja, rejeita-o. O universo não “entende” essa mensagem que enviamos, e assim conspiramos contra nosso próprio crescimento.
Frases prontas são absorvidas e repetidas: “Odeio finanças”; “Sou péssimo em lidar com dinheiro”; e assim vamos internalizando conceitos errôneos e vivendo sob injunções desgastantes, negativas. Tornam-se escravas do dinheiro, por atavismos do passado próximo ou distante. Absorveram na intimidade valores culturais e religiosos, onde acreditam que o dinheiro não traz felicidade, e que quem tem dinheiro não vai para céu. Distorcem a fala de Jesus que afirmou “ser mais fácil um camelo passar num fundo de uma agulha do que um rico ir para o céu”. Afirmava ser difícil, mas não impossível.
Poderemos viver sabiamente se percebermos que o dinheiro é uma ferramenta valiosa e importante que nos permite viver bem, caso não façamos dele o objetivo maior de nossa vida. Evitemos então, acreditar que tudo será resolvido se ficarmos ricos e procuremos não desprezá-lo como se fosse algo menor.
Analise com firmeza quais são as implicações de sermos adultos economicamente dependentes? Quanta insegurança e medo teremos de enfrentar? Como conseguiremos ter relações harmoniosas e amorosas uns com os outros sob condições adversas e vivendo de forma indigna?
Convença a si mesmo que sua contribuição é importante, que ela agrega valor, e assim o universo lhe canalizará os resultados merecidos. Lembre-se que embora tenhamos de trabalhar arduamente, o dinheiro não flui para o trabalho árduo, flui sim para onde há valor. Trabalhar arduamente sem criar valor é tão inútil quanto um carro atolado na lama com as rodas girando.
Em toda nossa existência não foi pouco dinheiro que chegou e se foi. Pena que fomos apenas a “ponte” por onde ele transitou, sem nada reter para investir. Por isso que é indispensável zelar pelos recursos financeiros que passam pelas nossas mãos, cuidando com dedicação e disciplina para utilizá-lo com sabedoria. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional, e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulogouveia@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br.