Será que existe acaso? Ou alguma lei da natureza canaliza as forças motrizes para efeitos consequentes das causas geradas? E quais são essas causas?
Certa vez, há 300 anos a.C. um discípulo de Euclides, lhe perguntou quais as vantagens que ele levaria aprendendo geometria. O mestre percebendo no aluno alguém ávido por riquezas e apegado aos bens materiais, chamou um velho criado e disse: – dá-lhe uma moeda já que ele pretende obter lucro de tudo quanto aprende. E depois liberou o discípulo para nunca mais.
Em outra oportunidade Ptolomeu I, faraó do Egito, querendo utilizar-se de seus conhecimentos para obter vantagens pessoais, pediu a Euclides que adotasse um método mais fácil para ensinar. O maior mestre da matemática de todos os tempos respondeu assim: – não existem estradas reais para se chegar à geometria.
A ganância material tem tirado das pessoas a lucidez moral. Existe uma correria desenfreada pelo lucro a qualquer preço, mesmo que a custo de atitudes infelizes e irresponsáveis.
Na competição, falta a reflexão do que é ecologicamente e moralmente correto. Põem-se em risco a vida de pessoas porque não querem ficar atrás, tem de ser o primeiro. E porque tem de ser o primeiro? Vaidade da ganância.
Daí o valor da educação no lar. Nossos filhos serão os próximos empresários ou governantes, como os estamos preparando? Daremos bons exemplos se em nossa vida tomamos decisões coerentes e sinalizamos como queremos viver. O sucesso não é possuir muito, e sim viver bem e com liberdade. Liberdade de consciência.
Para alcançar uma vida feliz, devemos libertarmo-nos da ignorância. Do não saber. O mestre Euclides ao escrever a obra os “Elementos”, deu ao mundo uma nova escala de fazer contas, o ponto, a reta, o círculo, a aritmética. Através da matemática aprendemos a fazer projetos. Pena que a usamos para acumular bens com exagero e não sapiência.
De que adianta o conforto, a riqueza, o poder, as honrarias, sem o conhecimento? Prisão dentro da própria ignorância. Antes de Euclides já construíamos pirâmides e outros monumentos. Nós podemos, nós sabemos. Então agora resta as empresas repensarem a forma de ganhar dinheiro. Elas são importantes, essenciais no desenvolvimento do país, tanto na geração de empregos, de progresso, de pesquisas para gerar condições de saúde e dignidade. Mas podem medir com a régua da paz.
Um sábio não se faz em um dia, são anos de dedicação e persistência. Podemos utilizar esse saber para dominar seguimentos econômicos e classes sociais. Também podemos nos envaidecer, reforçando o ego, o orgulho para humilhar os que sabem menos. Já a verdadeira sabedoria é quando mesmo tendo a oportunidade de dominar, tornamo-nos doadores do bem. Façamos nossa escolha. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Carvalho é consultor financeiro e organizacional, atuando para oferecer novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulocarvalho@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br