Conheço um líder que obtém ótimos resultados com teorias ortodoxas. Gosta de comandar e adora mandar. É do estilo “manda quem pode obedece quem tem juízo” e assim é temido pelos subordinados e respeitado pelos clientes.
Os gurus atuais orientam a comandar ensinando. A gestão atual fala em participação ativa dos colaboradores com sugestões, mas para nosso líder às avessas liderar com eficácia e resultados imediatos é apenas dar ordens e as pessoas obedecerem.
Ele não se importa em ganhar credibilidade e nem construir confiança, não liga se as pessoas gostem dele, quer apenas alcançar seus objetivos. Não preocupa se os colaboradores falam mal dele, quer que eles alcancem os resultados por ele definidos.
Não se esforça em ser simpático e bom, apesar disso, não grita e nem atropela ninguém. Nada de delicadeza, dá ordens diretas e enérgicas. Nada de intimidades com subordinados e nem de buscar afeições pessoais, para ele excesso de familiaridade gera confusão de papéis e resulta em desrespeito, e delicadeza é abrir as portas para as pessoas acharem que ele é fraco. Diz que se deixar as pessoas pensarem ser do mesmo nível dele logo…logo…pensarão ser superiores.
Quase sempre diz “não sei” e quando dá instruções – sempre específicas – estabelece tarefas em cima de fatos, mas não quer saber se a pessoa concorda ou não com ele.
Se erra, não pede desculpas, não dá satisfações, mas está sempre disposto e confiante. Engraçado que quando está bravo ele fecha a boca, fica mudo, firme e somente adverte alguém no dia seguinte.
Elogios? Poucos, mas quando faz é seguro e sem adulação. Não busca resolver todos os problemas internos apenas pouquíssimos deles e nem liga para panelinhas da equipe, não compensa desgaste por pequenas coisas. Mas não aceita que lutas internas interfiram na obtenção dos objetivos da empresa, não permite deslealdade e nem traição, toma medidas imediatas doa a quem doer.
Fala pouco, comenta pouco, faz poucas concessões e age pontualmente. Para ele dá para aprender com os tolos, mas nunca discutir com eles. Permite falarem, mas não admite nenhum desvio de seu esquema de trabalho.
Quando alguém chega com um problema “como se fosse um troféu” ele deixa comentar tudo e depois diz: – Fale mais… e depois que o outro falou mais… ele diz: Especifique mais, conte mais detalhes… Normalmente a pessoa já dá a solução.
Para moldar o ferro e criar uma obra de arte o artista não bate apenas quando o ferro estiver quente, ele faz o ferro ficar quente batendo nele até aquecer. O líder às avessas não bate nas pessoas, mas bate firme nas idéias que acredita até aquecer as pessoas.
Saber pontos de vista que não concordamos reforça os nossos. Mas nem tudo está às avessas nesse líder, por isso reflita e inspire-se para perceber qual é o seu perfil ideal. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional, e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. www.seubolso.net