Os exemplos de persistência e dedicação, vontade de superar os próprios limites são estimuladoras para modelar. Veja o depoimento do Afonso Celso de Barros Santos, dono das locadoras de carros Avis e Budget. “Eu tive uma infância muito pobre, perdi a conta de quantas vezes a minha família foi despejada por falta de pagamento de aluguel. Eu tinha uns 10, 12 anos. Desde que eu me lembro por gente vi que meus pais lutavam muito para pagar as contas de casa. Mas a luz de casa era difícil não cortar. Cada irmão fazia uma coisa. Cada um foi para um lado para se virar um pouco. Mas ainda assim era insuficiente para complementar a renda. Aí a minha mãe me colocou para trabalhar no Bradesco como office boy. Eu lembro que não passei em nenhuma questão da prova de admissão. Acho que levei zero de matemática.”
“O maior problema para começar a Avis foi o capital inicial. Até aquela época eu só havia juntado 100 000 dólares. Era o único dinheiro que eu tinha. Se desse errado eu estava complicado. É muito pouco depois de 23 anos de serviço. Montei uma locadora com 21 carros e apenas quatro funcionários. Um ano depois, já tinha 200 carros. Este ano, vamos terminar com 18 000 carros.”
Afirma Líria Parisotto, dono da fabricante de CDs e DVDs Videolar. “Quando eu era criança, não tinha muitos sapatos. O sapato era para domingo. Eu usava para ir para a missa, para ir ao baile. A gente tinha a roupa da roça e a roupa do domingo. Domingo era dia de ir para a capela, para a igreja. Fui para o seminário dos 13 aos 18 e depois fiquei um ano trabalhando na roça”.
“Fui trabalhar como vendedor de toca-fitas. Eu deixava o rádio com as lojas, eles instalavam, vendiam e iam me pagando. Só que os donos da loja começaram a me dever dinheiro. O meu pequeno capital de giro começou a ficar comprometido porque eles me deviam 10, 15 toca-fitas. Até que um dia um deles me perguntou se eu não queria ficar com a loja dele. Eu pensei: que loja, que nada! Quero ser médico. Aquilo ali era para me sustentar. Como vi que não ia receber o que ele me devia, acabei ficando com a loja. A entrada foi o valor dos toca-fitas e o resto em 24 vezes. Veja bem: quando falamos de loja, estamos falando de uma pequena instaladora de rádio com apenas dois funcionários.”
Inspiremo-nos em Joanna de Ângelis quando ela aclara que “há uma permanente luta íntima, quando o homem se resolve por abraçar a vida nobre. Quais dois exércitos em fúria, no campo mental, surgem, constantes confrontos. Os guerreiros habituais – o egoísmo, o orgulho, a violência, a ambição – tentam superar os novos combatentes – o amor ao próximo, a humildade, a pacificação, e a renúncia. O indivíduo sente-se dividido e angustiado. Nesse terreno áspero brilha, porém, a luz da inspiração superior que lhe aclara a alma e a estimula a insistir nos propósitos elevados. Investe na batalhada vida os teus esforços nobre e não desistas. Cada dia de resistência representa uma vitória até o momento da glória total.” Pense nisso, mas pense agora.
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulogouveia@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br