Ele estacionou sua Mercedes nova em folha na frente de seu escritório, pronto para mostrá-lo para seus colegas. Logo que abriu a porta para sair, um caminhão passou raspando e arrancou completamente a porta. Atordoado, discou 190 e dentro de minutos um policial chegou.
Antes que o policial tivesse uma oportunidade começou a gritar histericamente que a Mercedes que ele tinha comprado no dia anterior estava agora totalmente arruinada e nunca mais seria a mesma. Iria processar o motorista, Deus e o mundo, fazer e acontecer.
Quando finalmente se acalmou, o policial agitou sua cabeça em desgosto e descrença… e disse: – “Eu não posso acreditar quão materialista você é, tão focado em suas posses que não nota mais nada.”
– Como você pode dizer tal coisa? O Sr. tem noção do valor de uma Mercedes? O policial respondeu: – O Sr. não percebeu que perdeu seu braço esquerdo? Ele deve ter sido arrancado quando o caminhão bateu no Sr. – Meu Deus!’ – Grita – “Cadê meu Rolex????”
Sinais dos novos tempos, onde fazer coisas, ter coisas, ter poder de posse tornou-se o desejo da maioria. A dependência das coisas materiais tem seu preço e custa caro. Angústias, medos e insegurança. Se o homem refletisse um pouco mais veria que ser fiel as questões da alma lhe traria mais paz.
Assim, tornamo-nos autômatos, presos aos novos hábitos, que fazem acreditar que estamos ficando doidos. Já se envia e-mail ou WhatsApp para conversar com a pessoa que trabalha na mesa ao lado da sua. Usa o celular na garagem de casa para pedir a alguém que o ajude a desembarcar as compras. E se esqueceu o celular em casa, coisa que você não tinha há 20 anos, fica apavorado e volta para buscá-lo.
Alguns levantam pela manhã e quase que liga o computador antes de tomar o café. A língua portuguesa virou naum, tbm, qdo, xau, msm, dps… ”Conhece” muitas pessoas apenas pelo facebook. Ao atender ao telefone em casa fala o nome da firma onde trabalha, quando não disca o ´0´ para telefonar. E se seu computador para de funcionar, parece que foi seu coração que parou.
Dizem que quando a Grande Biblioteca de Alexandria pegou fogo apenas um único livro se salvou. Por ser enfadonho foi vendido por alguns centavos a um homem que mal sabia ler. Na última capa estava escrito o segredo da Pedra de Toque – um pedregulho que podia transformar em ouro puro tudo que tocasse. E que seria encontrada em algum lugar na praia do Mar Negro, entre milhares de outros pedregulhos iguais a ela, exceto por um único pormenor: enquanto os pedregulhos eram frios ao toque, ela era quente, como se estivesse viva.
O homem vendeu tudo que tinha, tomou emprestada grande soma de dinheiro e partiu para o Mar Negro. Um ano, dois, três anos, pegava uma pedrinha, se fosse fria ao toque, a jogava no mar. Todos os dias, horas a fio. A cabo de alguns anos, em uma tarde ensolarada, ergueu uma pedra e… ela estava quente ao toque! Mas a força do hábito era tanta que a lançou ao Mar Negro.
E você vive como um autômato? Regido pelas forças dos hábitos? Então medite nas palavras de James Allen: “Pense bem nisso, meu jovem amigo, você tem o que todo homem tem, duas pernas, dois braços, um umbigo e uma cabeça, que é para usar também. É você que os problemas deve encarar, que precisa encontrar o seu lugar, que deve dizer aonde que ir e procurar a verdade sem nunca fugir. A coragem deve de vir de dentro da gente, para vencer, o homem dever ser forte e inteligente, portanto, pense bem nisso, meu jovem amigo, você tem o que todo homem tem, todo mundo nasceu igual, eu lhe digo, fique firme e diga: eu posso também”. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Carvalho é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulocarvalho@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br.