A frase acima deveria constar em toda oferta de crédito em letras destacadas, igualzinho as advertências sobre os males causados pelo fumo. Quem vive com dinheiro sempre sobrando na conta corrente e não toma empréstimos pessoais, não sabe do que estou falando, mas os demais…
Estresse, ansiedade, medo, insegurança são sentimentos comuns aos cidadãos que vivem atolados em dívidas. Se fôssemos realizar uma pesquisa sobre o percentual das doenças derivadas dos males advindos dos hábitos das pessoas alavancadas financeiramente, creio que o resultado seria um número alarmante.
É grande a quantidade de famílias que vivem aos tapas e beijos, pelos conflitos causados pelos deslizes creditícios. E muitos partem para separações conjugais, dizendo o famoso “não te amo mais”. São poucos os casais que sustentam uma relação saudável, estando endividados.
Afinal, o crédito farto é uma realidade e a cultura do endividamento é ampliada pelas propagandas apetitosas. Hoje, mais da metade de nossa população está endividada e não sabe como sair dessa, ou não conhece como é viver de forma diferente. Mas não se engane: viver endividado faz mal à saúde, mesmo.
Um país rico poupa e investe, um país pobre sua população vive tomando dinheiro emprestado. Pense como é viver com dinheiro sobrando no banco e perceberá como é concentrar seu tempo em assuntos importantes para você e sua família. Seu tempo será então bem aproveitado, pensando menos em dinheiro e mais nos valores da alma.
A solução, sem sentimentos de culpa e sem remorsos, é evitar contrair novas dívidas para pagar as antigas. Isso não resolve, somente aumenta o valor tomado, sem eliminar a causa. No máximo, converse com o seu gerente do banco e faça um CDC para cobrir o limite de conta corrente, pois os juros são menores. Mas não se esqueça de imediatamente pedir para cancelar o limite, evitando “o vale a pena entrar no limite de novo”.
Seu caso é mais grave ainda? A dívida é enorme, e seu nome foi para o Serasa? Não se afobe. O tempo é senhor das soluções, quando queremos. E seu nome “sujo” por um tempo vai lhe ajudar a não fazer mais dívidas.
Se você começar a ter hábitos corretos e saudáveis, mais dia menos dia vai sobrar dinheiro, pois o problema da maioria dos endividados não é quanto entra e sim quanto sai do bolso. Não faça mais dívidas e comece a pagar devagarzinho as atuais, sem traumas, dando preferência àquelas que o credor facilite mais.
Mara Luquet, editora de investimentos pessoais do jornal Valor Econômico, confessa ter quebrado uma vez. Diz ela que uma operadora de cartão de crédito queria lhe cobrar R$ 40 mil, embutidos juros estratosféricos e multas exorbitantes. Ela “esqueceu” a dívida e três anos depois recebeu uma carta da administradora do cartão propondo acordo para quitar a dívida por R$ 4 mil.
Cancele toda facilidade de crédito e de cartões, passe a usar cartões de débito e conta poupança. Evitando as facilidades, fica mais fácil de administrar as compras por impulso e ajudá-lo-á a sair mais depressa do “vermelho”.
Por fim, faça você um orçamento detalhado de ganhos e despesas, listando tudo, sem esquecer nada. Verá que sem as dívidas o que ganha é mais do que gasta para viver. Na verdade, o déficit está nos carnês intermináveis. Então busque envolver a família e trate de fazer uma redução nas despesas que não fazem muita diferença na qualidade de vida, como a conta de telefone.
Por fim, separe 70% do que ganha para viver, 20% para as dívidas e 10% para investir.
Antes que você fique triste com a sobrevivência das empresas financeiras, não precisa, se as tomadas de empréstimos diminuírem elas saberão canalizar seus recursos para o empreendedorismo, que é o empréstimo saudável. O empreendedorismo gera riquezas e aumenta o emprego. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia (www.seubolso.net)