Competitividade – Brasil desce ainda mais – publicação no Valor Econômico
O Brasil não para de perder posições no ranking mundial quando se trata de capacidade competitiva. Elaborado pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral, o Índice de Competitividade Mundial 2014 (World Competitiveness Yearbook – WCY) aponta que o Brasil caiu três posições em relação a 2013, ocupando o 54º lugar no ranking geral composto por 60 países. Trata- se do quarto ano consecutivo em que o país apresenta queda.
Em 2010, ocupava o 38º lugar, no ano seguinte caiu para a 44ª posição, em2012, desceu à 46ª colocação, caindo em 2013 à 51ª. Agora, está à frente apenas de Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela. “Esse resultado é lamentável, mas não é surpreendente. Estamos piorando, de fato, pela falta de ação para resolver os nossos problemas de competitividade. Essa situação é consequência de um ambiente regulatório ruim, de não termos avançado nas reformas trabalhista e tributária e da falta de investimentos em infraestrutura”, analisou o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral.
Em relação ao ambiente econômico, o resultado indica que a competitividade da economia do país está sendo impactada pelo aumento significativo de preços (54ª posição) e pela baixa participação do Brasil no comércio internacional (59ª posição). Mas a queda mais significativa ocorreu na eficiência empresarial. Em 2014, o país desceu à posição 59 no subfator produtividade, à frente apenas da Venezuela.
Na avaliação de Arruda, o desempenho ruim é consequência, especialmente, da falta de avanços em outro campo: a baixa eficiência do governo. Desde 2011, o Brasil está entre os cinco piores países neste fator. “No agronegócio, por exemplo, o Brasil tem um desempenho muito positivo “porteira para dentro”,mas quando a mercadoria vai para a estrada, o porto, todas as nossas deficiências transferem-se negativamente para a cadeia produtiva”, considerou.
O país ocupa ainda as últimas posições em praticamente todos os indicadores de percepção da qualidade da mão de obra e da educação técnica e fundamental. “Indicadores como o teste de PISA, que avalia a proficiência de jovens de 15 anos em leitura, matemática e ciências (49ª posição), avaliações de línguas estrangeiras, como o Toefel (46ª posição), e o indicador de matrículas em cursos secundários, com pouco mais de 80% da população em idade escolar matriculada nas escolas, reiteram a condição defasada e ineficiente da educação no Brasil.
O país também ficou na posição 59 no indicador de infraestrutura de saúde, o que demonstra a carência brasileira neste setor”, destacou o IMD em relatório. No último lugar dos indicadores de opinião sobre a qualidade da infraestrutura rodoviária e logística, o relatório demonstra ainda a preocupação da comunidade empresarial com a oferta futura de energia (54ª posição).
A preocupação com a possibilidade de que falte água também é crescente: no ano passado, o Brasil ocupava o 49º lugar entre os países em relação à preocupação coma disponibilidade da água e agora.