Eu Queria, com nosso associado Saulo Gouveia
Jonas ganhou 10 milhões de reais e chegou pertinho do “paraíso”. Comprou a casa dos sonhos, o carrão bacana e todos os presentes que os filhos queriam. Uma bela noite, passados já mais de seis meses, ao deitar-se, foi refletir e percebeu que foi o primeiro dia, após a riqueza inesperada, que ele não tinha sorrido o dia todo. O que estava acontecendo? Afinal, não tinha mais necessidades financeiras e nem de ficar trabalhando exageradamente.
Mais uns seis meses e lá estava ele todo estressado. Já tinha as briguinhas de família como antigamente, fazia as mesmas coisas de um ano atrás. Não acreditava no que estava acontecendo. Como pôde ficar rico e fazer as mesmas coisas que fazia antigamente?!
A única diferença do Jonas de antes e o atual era o de repetir os mesmos padrões condicionados em ambientes mais luxuosos. Fazia hoje tudo exatamente igual como era no passado, só que frequentando lugares chiques, restaurantes caríssimos e viagens especiais.
Ele que sempre pensava: “Eu queria ser rico, assim nunca mais iria ter um dia triste”. Ele que queria ter isso e aquilo, queria poder fazer o que lhe desse na “telha”.
Existem muitos querias. Queria ter, queria não ter, queria ser, queria não ser, queria ter feito isso, queria não ter feito aquilo.
Alguns queriam ter feito medicina e fizeram advocacia. Dizem: “Ah! Se eu tivesse feito medicina, seria uma pessoa muito feliz”. Outros: “Ah! Se eu tivesse feito advocacia, seria um se realizado profissionalmente”.
Já existem os que afirmam serem mais felizes dizendo: “Eu queria ser mais inteligente”. “Se eu fosse igual ao fulano, conseguiria tudo que desejo”. Ou: “Se eu fosse menos burro conseguiria passar naquele concurso público e poderia ter a vida que pedi a Deus”.
Eu queria ter o corpo da Gisele Bündchen, seria muito mais feliz. Eu não queria ter esse nariz, eu queria ter aquela boca, eu não queria essa barriguinha. Eu queria ter mais força de vontade, eu queria ser mais organizado, eu queria ser menos estressado. A lista é interminável de querias.
Pretérito imperfeito. Eu queria somente existe em nossa imaginação. A pessoa cria uma fantasia, sonha com o que não fez ou não conseguiu, frustra-se e se deprime. O valor está no que não tem, esquecendo-se do que possui.
Valores materiais permitem atender às necessidades básicas, como moradia, alimentação e instrução, mas não mudam a intimidade, não mudam o que a pessoa é. O que ajuda a nos transformar em pessoas melhores é o trabalho. Deus deu-nos muitos instrumentos de graça para vivermos, como o ar para respirar e as pernas para andar. Mas deixou-nos a necessidade de trabalhar em busca de alimento e de conhecimento, para nos estimular o avanço. Nossa inteligência e nosso bem-estar dependem das atividades por nós realizadas, na busca incessante por novos desafios.
Por isso é importante gostar e valorizar o que já conquistamos. Sermos capazes de ter objetivos de crescimento, sem que o objetivo em si mesmo seja o único fator da felicidade.
Não basta ganhar 10 milhões de reais hoje. É preciso construir a felicidade no “cadinho” do dia-a-dia. Anotemos, então, que o importante não é a nossa situação de vida e sim o sentido para nossa vida. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia
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