Uma vez uma adolescente chegou a sua casa aos prantos e correu para o quarto trancando-se. Sua mãe tentou inutilmente que ela abrisse a porta, mas não conseguiu. Ela gritava: – Minha melhor amiga me trocou por outra. Então a mãe perguntou-lhe: – Está doendo muito filha? A porta se abriu.
A mãe, então se fez presente, consolando a sua filha, ofereceu carinho e compreensão. SENTIU junto com a filha a dor que ela sentia, sem juízo de valor, já que nós adultos achamos que não é nada tal fato, mas para a filha era o fim do mundo. No outro dia a filha acordou e pensou: “Tudo bem, perdi minha melhor amiga, mas eu tenho uma mãe que me entende”, levantou-se e foi até a cozinha pedir conselhos para a mãe, que aí sim, a orientou.
Sábia postura da mãe que busca primeiro entender o sentimento da filha. O trato GENTIL e carinhoso permitiu a abertura para as orientações educativas depois.
A educação é fruto do conhecimento intelectual, racional. Resulta do encontro entre os fatos e a interpretação que se faz. Prescinde de sentimentos mais intensos. Para lidar com as emoções mais profundas é preciso levar em conta a história de vida do outro. Portanto precisa-se mais do que educação dos gestos. É preciso da GENTILEZA.
Educação é um gesto ligado ao verniz social, já a gentileza é a soma da educação com a vontade de construir felicidade. Educação é fruto do conhecimento intelectual e a gentileza mais do que isto é fruto da EDUCAÇÃO mais a ALTIVEZ MORAL. É nobreza com generosidade.
Então podemos ser educados sem ser gentis, mas toda pessoa gentil é, necessariamente, também educada. A gentileza é uma ação gratuita, sem esperar algo em troca, faz por querer ver o outro sentir-se bem.
Dar conselhos é educação, querer saber como a pessoa se sente é gentileza. Ouvir o que o outro diz é educação, fazê-lo olhando nos olhos como se fosse a única pessoa no universo é gentileza. Fazer elogios a alguém é educação, aceitar a pessoa conforme ela é, é gentileza.
Ouvir a música que você não gosta, mas o parceiro gosta é educação, colocar para tocar a música que ele gosta é gentileza. Falar bom dia é educação, falar bom dia com um sorriso é gentileza. Deixar o outro veículo passar no trânsito é educação, mas ajudá-lo a escolher o caminho é gentileza.
Gentileza não significa fraqueza ou subserviência. É fruto das pessoas que sabem amar intensamente em cada gesto. É dos que amam o astro, o grão e as estrelas. É uma conexão com Deus, consigo mesmo, com o outro entendendo-o com empatia. É o despertar do entendimento, do conhecimento e do sentimento nobre de compaixão.
Sou gentil porque gosto de muito de mim. Tenho autoestima e autorespeito. Sou também gentil comigo, me dou atenção e cuido da minha saúde emocional e física. Por isto levo ao universo o que recebo com gratidão. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Carvalho é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulocarvalho@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br.