O primeiro Bolsa família que se tem notícia data de 27 a.C. quando Otávio Augusto, imperador de Roma, implantou uma aposentadoria em dinheiro para os combatentes, a maioria pobres, sendo que os recursos vinham de um tesouro criado para esse fim, com pequenas taxas cobradas das classes ricas. E também trazia trigo do Egito e distribuía para a plebe urbana que passava fome. Foi um dos imperadores mais populares na história romana.
Maomé no ano de 610 da era cristã criou o Zakat, um imposto de um décimo da renda dos ricos e distribuído aos pobres. Esse imposto era recolhido e administrado pelos órgãos públicos das cidades. Uma fórmula para tirar dos ricos e dar aos pobres.
Em vários reinados improdutivos a “esmola” oficial foi a forma de acalmar os rejeitados pelo sistema e aumentar a popularidade dos ditadores. Como o pobre não conhece como é viver na abundância, não sabe do que está abrindo mão. Acha então que o doador é bom e caridoso. Não percebe que é ele mesmo quem está dando dinheiro para si. Um exemplo disso é quando se compra um quilo de arroz ele mesmo está contribuindo com impostos que voltam em forma de bolsa família.
Toda crise de grande porte, em qualquer época, teve sua origem na produção de bens e na colisão da “gangorra” entre receitas e despesas. Para ver o quanto isso pesa, basta lembrar que o Império Romano entrou em crise justamente pelo descontrole na gestão das despesas, que não eram cobertas pela produção, que não geravam as receitas em quantidade para cobrir os exageros dos “mandantes”. A moeda romana desvalorizou, os preços aumentaram e o processo inflacionário foi instalado.
E nós com isso? Não devemos aceitar o Bolsa Família, mesmo se estamos passado fome? Aceitemos sim, mas como um instrumento temporário, para tapar o buraco da miséria até que chegue a solução definitiva. E chegaremos à solução se começarmos uma onda de mudança na forma de lidar com o conhecimento e a educação. É preciso ser mais curiosos. Querer saber, querer conhecer. Só assim poderemos crescer, e sendo cultos, fazer a diferença para melhor.
Comece a se interessar por tudo que tem valor. Leia revistas, jornais e bons livros, tenha uma visão geral do que está sendo abordado, perceba os interesses por trás das notícias e amplie sua percepção do todo. Mesmo que de imediato não entenda bulhufas.
Procure interessar-se pelo “papo” de alguém que fala sobre economia, ciência, história e outros assuntos. Veja, também, mais programas de televisão que acrescentem algum conhecimento, mesmo que você não grave na memória consciente, mas no subconsciente tudo está sendo registrado. Assim cria-se um aprofundamento de ótica e permite mudar paradigmas, amplia as possibilidades pessoais de entendimento e por consequência das escolhas.
Se você está empregado, faça também tudo que foi dito e mais, procure interessar-se pelo que está a sua volta, fazendo as suas tarefas com carinho e dedicação. Comece a querer saber o porquê você faz o que faz e os benefícios disso para si, para empresa e para sociedade. Busque aprender coisas novas, na sua função e na dos seus colegas e quando alguém for sair de férias ofereça-se para substituí-lo, não é para tomar o lugar dele, é para aprender mais e mais. Repita isso ao longo da vida e certamente ela irá sorrir para você.
Não existe infelicidade maior que a da ignorância. E o conhecimento será o resultado das políticas públicas que tenham ênfase real na promoção humana, mas também é resultado da vontade pessoal. É pelo esforço pessoal que muitas pessoas mesmo nascendo em situação de miséria, chegam ao topo do conhecimento, vencendo barreiras quase intransponíveis. Talvez não vão ganhar salários que merecem, mas certamente não precisarão da “esmola” do Bolsa Família. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Carvalho é consultor financeiro e organizacional, atuando para oferecer novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulocarvalho@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br