Exemplos de persistência e dedicação, vontade de superar os próprios limites devem ser modelados por nós que queremos contribuir com um mundo mais humano e melhor para ser vivido. Vamos compartilhar alguns exemplos de quem partiu do zero, relatados na revisa Exame.
Alberto Saraiva, aos 20 anos, obrigado a assumir a padaria da família quando o pai foi ali mesmo assaltado e morto, conseguiu livrar a padaria da falência tirando a família do sufoco financeiro. Criou a rede de comida árabe Habib´s que fatura hoje mais de 1 bilhão de reais e é um exemplo da amplitude da mobilidade social no Brasil.
Conta Alberto Saraiva: “Nasci em Veloza, uma aldeia no norte de Portugal. Meus pais viam que ali não tinham futuro e queriam uma coisa melhor. Vieram para São Paulo sem emprego garantido, com uma mão na frente outra atrás, sem dinheiro. Vieram sonhando com um futuro melhor. Fomos morar numa casa muito humilde, meu pai me carregava, ia comigo nas vendas. Ele às vezes me fazia ir na frente para vender os doces, sempre me puxou para esse lado comercial”.
“Em 1983, meu pai comprou uma padaria velha, ruim, com forno à lenha que demorava duas, três, quatro horas para fazer pegar fogo na lenha. E ele comprou na esperança de transformar a padaria numa padaria melhor. No 19º dia que ele tinha comprado, dois assaltantes roubaram e mataram o meu pai dentro da padaria. Foi uma tragédia. Depois, tranquei a matrícula da faculdade e assumi a padaria. Foi muito difícil. Teve até um momento em que pensei desistir. Ficava lá, via o buraco dos tiros, não tinha clientela, os padeiros me largavam na mão. Às vezes eu chegava de manhã e não tinha pão, tinha que buscar na padaria concorrente. Entrava pelos fundos e os clientes me viam chegar com o pãozinho.
“Um dia decidi que ia mudar a minha vida. E aí parece que eu ganhei uma força extra. Fui para dentro da padaria e virei padeiro. Aprendi a fazer pão, a mexer no forno. Acordava e acompanhava o trabalho do padeiro. Comecei a entender de pão e nessa época, com as dificuldades da padaria, aprendi a maior filosofia que tenho, que é vender a preço acessível, que é vender barato. A padaria começou a melhorar, eu entendia do assunto e comecei a trocar os equipamentos. A padaria acabou sendo a melhor do bairro. Nasceu ali essa parte comercial. Pensei comigo: quando eu tiver alguma dificuldade na minha vida já sei como resolver. Com o preço. Não barato, extremamente barato. Não justo, extremamente barato. Nunca mais esqueci disso aí e hoje aplico essa filosofia em todos os meus negócios.”
O Brasil é um país abençoado para quem busca energia na ação, e não na resistência. Muita energia é consumida, desnecessariamente, pelas pessoas que passam por dificuldades, com a ilusão de que é possível controlar as situações conforme nossos pensamentos e vontades. Se buscarmos canalizar nossas forças pela lei do trabalho e da cooperação, todos os obstáculos serão conquistas-aprendizado, nos ofertando a alegria e a gratidão pelas conquistas- êxito que virão. Pense nisso, mas pense agora.
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulogouveia@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br