Todos os dias Nasrudin ia esmolar na feira e as pessoas adoravam vê-lo fazendo papel de tolo, com o seguinte truque: mostravam duas moedas, uma valendo dez vezes mais que a outra. Nasrudin sempre escolhia a menor. Um dia apareceu um homem generoso que perguntou por que não escolhia a moeda mais valiosa? Ele poderia levar mais mantimentos para casa, reforçava o bom homem e ainda não seria considerado idiota por todos. Nasrudin lhe respondeu: – O senhor não imagina o quanto já ganhei por não me importar de parecer idiota.
Ela vive com simplicidade e nunca esbanja. Seu marido, o brasileiro Doda, diz que “ela tem o pé no chão”. Sempre pechincha e não paga nunca um preço acima do que acha que vale. Quando ela vai dar ou receber presentes o que importa é o toque especial, a surpresa e o carinho e não destaca o preço do objeto. Então, vale mesmo se for uma flor. Estamos falando da jovem Athina, a multimilionária herdeira da família Onassis. Uma jovem que aos vinte e poucos anos já traz na bagagem várias tragédias. A maior delas foi aos 3 anos ver a morte de sua mãe, Christina, por overdose de remédios.
Ele venceu a Companhia Siderúrgica Nacional num grande leilão, realiza negócios bilionários e possui uma fortuna pessoal estimada em 300 milhões de dólares. Mas não ostenta sua riqueza. Tímido e introspectivo, vive em um apartamento sem exageros, em Munbai, junto a outras 13 milhões de pessoas, enquanto poderia morar numa ilha só sua, sem atropelos e com privacidade. Trata-se de Ratan Tata, o proprietário de uma das maiores empresas do mundo. A humildade e simplicidade fazem parte de suas atitudes, ao ponto de se popularizar e ser eleito pelos indianos como uma das personalidades mais queridas daquele país. Poderia passar o dia todo no seu gabinete, mas prefere andar pelas suas indústrias e conversar com os colaboradores na linha de produção.
O segredo de Athina e de Tata é a humildade. Ela, mesmo nascendo rica e com tragédias, teria tudo para ser excêntrica, fazendo extravagâncias para se “proteger” do mundo “maldoso”. E ele com toda sua riqueza, também poderia querer mostrar que tudo pode.
Ser humilde é um ato de inteligência, pois permite a pessoa viver bem, ser autêntica e não precisar mostrar nada para ninguém na ilusão de assim sentir que tem valor. O vaidoso perde sempre, tem medo de tudo, principalmente de parecer inferior, então precisa atacar ou agredir para manter sua “altura”.
Para não confundir vaidade com cuidado e zelo pessoal, que todos devemos ter, fomos ver o que dizem os dicionários: Vaidade é presunção ridícula; ostentação; jactância; futilidade. Desse modo, os hábitos do vaidoso lhe fazem ostentar, ostentar e ostentar. É uma necessidade básica dele e para mantê-la, adquire de tudo e pelo maior preço. Quando vai comprar algo, pergunta o valor e se for barato, não leva, prefere esperar acabar a promoção para dizer aos amigos, “sutilmente” o quanto pagou por aquele artigo.
Existe gente que é capaz de obter uma joia de uma vendedora para não decepcioná-la, se não “o que a ela vai pensar de mim”? “O que ela vai dizer aos outros, que já não sou mais o mesmo”? Trabalha pelas coisas, para gastar, vive para mostrar, e como sua necessidade de gratificação imediata é enorme, não sabe esperar. Nesse clima, as prestações vêm a calhar, então gasta hoje o dinheiro que vai entrar no futuro ou que vai fazer falta.
Os bons hábitos do humilde lhe permitem possuir sem ostentar, evitam problemas desnecessários e pode ir e vir sem querer parecer o que não é. Leva a vida frugalmente, sem excesso na bagagem, come pouco, gasta pouco e sintoniza com o real valor em todas as circunstâncias. Assim agindo, seremos mais felizes quando, como o Nasrudin, não nos incomodarmos de passar por tolos, se, na verdade, o que estamos fazendo é inteligente. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulogouveia@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br.