A empresa AMD é a esperança de todos que querem comprar um microcomputador por preço baixo. Ela compete com a Intel na produção de processadores. Processadores são equipamentos cada vez mais minúsculos que fazem os micros “andarem” mais rápidos. Trata-se de boa competição, fortalecendo a qualidade, a velocidade e os preços baixos.
Pois é, a AMD deu um passo maior que as pernas. Comprou a produtora de chips gráficos ATI e com dinheiro emprestado – 2,5 bilhões de dólares. Se uma companhia do porte da AMD toma decisões financeiras arriscadas como essa o que dizer das nossas pequenas empresas. Não ficam atrás e é por isso que a cada dez empresas abertas no Brasil, sete delas vão à falência em, no máximo, três anos de existência.
Também nas empresas a vaidade e o orgulho falam muito alto fazendo muitos empreendedores perderem o rumo. Basta a firma dar sinais de expansão e dinheiro em caixa para os gestores acharem que estão com a “bola toda” e investirem muito acima da capacidade. Contratam gente demais, compram ativos demais, estocam demais.
Além disso, funcionários mal treinados e despreparados para exercerem suas funções, alto índice de rotatividade de colaboradores, excesso de tributos e de despesas financeiras causam muitas falências. Administrar a empresa sob condições normais requer conhecimento, habilidades e atitudes. Agora imagine recuperar uma empresa em crise? O quanto necessita de experiência e lucidez nas tomadas de decisões?
Um dos desafios do dia-a-dia da pequena empresa é lidar com o paradoxo abundância-escassez. E não me refiro apenas ao fluxo de negócios, mas também ao fluxo de caixa. Por isso, seguem algumas dicas.
Fature imediatamente todo serviço executado. Um dos maiores problemas da falta de caixa é a “caderneta digital”. Trata-se dos produtos ou serviços executados que ficam na “prateleira”, “o cliente ainda não definiu em nome de quem; não sabemos o prazo; a forma de pagamento será dita semana que vem”. E as contas vencendo.
Crie incentivos para os clientes desejarem pagar à vista ou em prazos menores. Existem muitos ganhos nessa prática, além de diminuir o tamanho do ciclo de caixa, reduz a inadimplência. Prazos longos permitem aos clientes esquecerem até que devem. Muitos quando vencem a última fatura, nem moram mais na mesma cidade.
Escolha vender para clientes que pagam em dia. Além de melhorar a disponibilidade de caixa, vai tirar sua empresa da zona de risco. Clientes que estão sempre pagando atrasado, com despesas financeiras, têm algum problema de gestão e não sabemos qual deles vai quebrar.
Evite as permutas. Apenas por produtos indispensáveis para na operação da empresa. Se o produto vai para linha de produção, se transformará em dinheiro, caso contrário é recurso parado. Vejo muitos empresários permutando coisas que alguém vai usar um dia.
Reduza seu estoque ao ponto de não sobrar e não faltar. Comprar bem é uma das mais importantes capacidades que os gestores devem desenvolver. Podemos fazer mágicas na gestão de estoques. Podemos ter produtos para promoções, para aumentar as margens, para diminuir ações da concorrência e muito mais.
Em finanças, quanto menor a letra e mais barato o papel, mais importante a informação. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulogouveia@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br.