Como fazer orçamento doméstico – com associado Saulo Gouveia
Viver bem é aceitar o que não se pode mudar e fazer as realizações quando dependem somente de nós. A aceitação e a entrega são mais fáceis quando se percebe que todas as experiências são fugazes, aí você deixa de exigir que uma situação, uma pessoa, um acontecimento o satisfaçam ou o façam feliz. Quando aceita plenamente que não sabe e desiste de lutar contra a situação, permite que uma força superior atue através de você e canalize seus sentimentos para avançar e ser feliz.
O orçamento doméstico eficaz depende destas forças e da vontade firme. Primeiro é gostar de dinheiro; segundo: ser persistente; terceiro: ter um mínimo de organização; quarto: ter conhecimento técnico, e quinto: definir um horário fixo para os lançamentos.
Vejamos o primeiro passo. É preciso gostar e querer possuir dinheiro, estar bem, intimamente, e sem traumas com o fato de ter dinheiro na conta. Talvez o leitor esteja pensando, há quem não goste de dinheiro?!? Eu digo que muito mais pessoas do que se pensa. Talvez não conscientemente, mas existe uma cultura de que quem tem dinheiro não vai para o céu e que o dinheiro é sujo.
Dinheiro não é limpo e nem sujo, é apenas um instrumento, que pode ser usado para o bem, desenvolvendo e criando condições humanas de viver, ou usado para criar armas ou vícios que geram a destruição e desumanização das pessoas. Nós somos quem definimos o que fazer com ele. Somos, então, o “tempero” do dinheiro e com ele daremos o sabor ideal para as condições de vida saudável.
Assim é que muitos, sem perceber, sabotam o próprio sucesso arrumando jeitos e desculpas para não acumular. Dizem que querem ter dinheiro, mas é somente da boca para fora, pois, arrumam sempre uma despesa, um compromisso a mais para transferir o dinheiro para os outros.
O segundo passo é a persistência. Para fazer orçamento doméstico é preciso ter vontade e atitude. A inteligência e o conhecimento são essenciais, mas sem a força da vontade e firmeza das atitudes, nada sai do lugar e tudo fica somente no âmbito do desejo. Apenas quer, mas não age.
No terceiro passo, vamos aprender a ser organizado. Não precisa ser um exímio controlador, basta um pouco. Seja em uma planilha ou em uma agenda, o que importa é saber registrar as informações necessárias. Ter o local para fazer isso, e o seu jeito pessoal de tratar o que lhe interessa.
Para avançar, o quarto passo é necessário o conhecimento técnico e o de maior importância é saber separar as despesas – necessárias para viver -, das dívidas. A maioria dos orçamentos domésticos é superavitária, mas quando se acrescenta as dívidas contraídas, aí o fluxo de dinheiro vai para o negativo, demonstrando que o problema maior é o hábito das prestações.
Por último, tenha um horário fixo para os lançamentos e análises. Sugiro o 15/60, 15 minutos por dia e uma hora por semana. Todo dia, seja no início da tarde, ou no final dela, tenha seu horário diário para lançar o que gastou e recebeu no dia. O que pagou com cheque ou cartão é fácil de controlar, pois o canhoto vai lembrar, já o dinheiro da bolsa ou bolso, precisa-se saber o saldo anterior e o atual.
Um exemplo, se você ontem tinha R$ 150 no bolso, e hoje tem R$ 110 agora lance em qual categoria gastou os R$ 40. Se for um pouco com lazer e outro com alimentação, será mais fácil de lembrar porque o fato ocorreu próximo ao dia do lançamento.
O seu lançador, planilha ou agenda, deve ser de fácil anotação por categoria e de forma a poder somar depois os totais de cada uma delas. Todo final de mês some, multiplique por doze, e compare com a previsão anual que você definiu anteriormente. Assim, periodicamente saberá se está caminhando para cumprir sua meta anual, ou não.
Bem, se você seguiu os cinco passos e tem convicção que se dedica com afinco e honestamente ao que faz profissionalmente, agora só lhe resta a aceitação e a entrega. Você será feliz, porque se sente bem, mesmo sem saber, porque com o tempo saberá. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia (www.seubolso.net)