Há muitos anos existia uma escola de anjos. Naquela escola para se tornarem anjos de verdade, os aprendizes de anjos passavam por um estágio. Durante um ano, saíam em dupla para fazer o bem. Todos os dias apresentavam ao anjo mestre uma relação das boas ações praticadas.
Aconteceu de um dia dois anjos aprendizes, depois de vagarem por todos os cantos, regressarem frustrados por não terem conseguido realizar um salvamento sequer. Parece que naquele dia o mal estava de folga.
Voltavam para a escola, já pensando no que diriam ao anjo mestre, quando depararam com dois lavradores que seguiam por um caminho. Tive uma idéia gritou um dos aprendizes de anjo. – Que tal darmos poder a esses dois homens por quinze minutos para ver o que eles farão? O outro anjo concordou e assim foi que tocaram suas mãos invisíveis na cabeça dos lavradores transferindo-lhes poderes especiais e puseram-se a observá-los.
Um deles viu um bando de pássaros voarem em direção à sua lavoura. Passou a mão na testa suada e disse: – Por favor, meus passarinhos, não comam a minha plantação. Preciso que essa lavoura cresça e produza, pois é dela que tiro o meu sustento. De imediato, ele viu a lavoura crescer em questão de segundos e ficar prontinha para a colheita. Assustado, esfregou os olhos e acelerou o passo, pensando que devia estar muito cansado.
Aconteceu que, logo adiante, ele viu seu pequeno porco que havia fugido. Mais uma vez disse: – Você fugiu de novo meu porquinho mas a culpa é toda minha… ainda vou construir um chiqueiro decente para você. Maravilhado, ele viu o chiqueiro transformar-se em um local limpo e acolhedor, e o porquinho já instalado. Pensou ele: “estou muito cansado”.
Ao chegar em casa e abrir a porta, a tranca que estava pendurada no alto caiu sobre sua cabeça. Ele tirou o chapéu, esfregando a cabeça, disse: – De novo, mas ainda hei de ter bastante dinheiro para construir uma casa grande e assim dar um pouco mais de conforto à minha família. Assustado viu a humilde casinha se transformar em uma mansão lindíssima. Sentou-se em uma poltrona achando que estava muito cansado e vendo coisas.
Minutos depois, ouviu alguém pedindo socorro: – Compadre, me ajude! Estou perdido! Ainda sonado, levantou correndo e viu o amigo em prantos. O que foi?
– Compadre, nós nos despedimos no caminho e eu segui para minha casa. Acontece que um pouco mais adiante vi um bando de pássaros voando em direção à minha lavoura. Fiquei revoltado e gritei: – Vocês de novo, atacando minha lavoura. Tomara que seque tudo e que vocês morram de fome. No mesmo instante, juro, vi a lavoura secar. Mais adiante, vi o meu porco que havia fugido do chiqueiro. Fiquei muito bravo e gritei: – Porque não morre logo e pára de me dar trabalho. Compadre, não é que o porco morreu bem ali na minha frente? Ao chegar em casa a tranca da porta caiu na minha cabeça. Eu já com raiva gritei: “esta casa caindo aos pedaços… por que não pega fogo logo e acaba de uma vez? “Compadre, a casa pegou fogo todinha”. Foi ai que percebeu a casa do compadre e perguntou: “de onde veio esta mansão”?.
Os dois anjos correram para contar ao anjo mestre. Foram parabenizados pela ideia brilhante que tiveram e resolveu decretar que, a partir daquele momento, todos os seres humanos desfrutariam de quinze minutos de poder na vida. Só que jamais saberiam quando esses quinze minutos lhes seriam oferecidos.
Assim é que pensando, desejando e agindo vamos construindo o nosso presente e futuro. Bons ou ruins, conforme plasmamos. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional, e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. www.seubolso.net