Já virou ditado popular: no fim do salário ainda tem mês. Acabou o dinheiro e as contas continuam a chegar. O cheque especial e o rotativo do cartão de crédito são os caminhos para cobrir a diferença.
O resultado não poderia ser outro, já que os brasileiros gastam mais do que ganham. Pagam alto juros, pelo hábito de comprar quase tudo a prestações. E, ainda, a cada ano trabalhamos quatro meses somente para pagar os impostos.
Mas como fazer o salário render até o final do mês? Por onde começar? Não existe mágica quando se trata de dinheiro: temos que gastar menos do que ganhamos.
Quantas vezes, por impulso, fazemos prestações prometendo que vamos cobrir as mensalidades cortando outras despesas e depois não somos tão disciplinados para cumprir o prometido? São promessas de abrir mão do conforto, ficar de fora dos passeios com os amigos, diminuir os churrascos…
Aí chega o sábado e vem o convite para o chopinho, a pizzaria, aquela camisa linda na vitrine da loja. Conheceu um novo amor e o coração bate mais alto junto com a conta telefônica que pulsa continuamente e sem dó.
A pegadinha do crediário já é conhecida de todos: esticam as prestações, diminuem o valor das parcelas e levam os desprevenidos a esquecer o valor final do produto. Aquele jeans de R$ 60 na loja da esquina é menos atrativo que o mesmo produto em cinco vezes de R$ 25 na loja chique do Shopping Center.
Anote a solução para quem está nessa, e anote com pincel atômico para nunca mais esquecer: gaste apenas o quanto tem disponível. Isso mesmo: somente o disponível. Nunca parcele e nem caia nas arapucas dos crediários. Troque o cartão de crédito pelo cartão de débito. Cheque pré-datado? Nem pensar.
Use conta poupança, pague as contas do mês e deixe o resto rendendo.
Agora a segunda regra tão importante quanto a primeira (pincel atômico na mão!): junte primeiro para depois comprar. Quando quiser comprar qualquer coisa que não seja do seu orçamento normal, uma roupa nova, um celular novo, um carro novo, junte primeiro o dinheiro para depois comprar.
Por fim, deixe a renda de suas aplicações comprarem o objeto de seu desejo. Quer uma moto? Os juros do dinheiro aplicado ou o rendimento do imóvel que você comprou e alugou vão fazê-la ser sua.
Selecione bem o que quer, faça escolhas que beneficiem você, não troque o titular do seu dinheiro sem antes meditar se vale a pena.
Talvez seus amigos vão dizer que quem acumula dinheiro, ao longo de muitos anos de trabalho duro, é tolo e não levou nada dessa vida. Mas é melhor pensar no futuro como algo que chega rapidinho e vai lhe pegar com ou sem renda de investimentos.
Seja ativo, tenha coragem e perseverança e grite sua independência financeira com todos os pulmões: Eu sou livre! Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulogouveia@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br.