Podemos dividir a vida em três fases distintas – primeiro aprender, depois ganhar e por fim devolver. A primeira fase começa na infância e vai até por volta dos 28 anos. É devotada para a educação e o aprendizado. Vemos o que somos e sentimos. Assim o ser humano se realiza e é mais feliz quando aprende, pois o mundo desdobra-se e amplia-se a ele a cada oportunidade de enxergar mais. Será leve e sem angústias, mas poderá gerar perturbações, se quiser antecipar a segunda fase, começar a ganhar antes do tempo.
A segunda fase é a de ganhar. Começa após os 28 e vai até os 42 anos. Não paramos de aprender, mas começamos a receber o retorno do investimento que fizemos na primeira fase. Se você for fiel a profissão que escolheu e se tiver endereço fixo, as pessoas vão saber quem você é, o que faz e vão lhe buscar. Com o tempo acumula bens que vão gerar benefícios para si e para os outros. Nessa fase construímos uma carreira e um estilo de vida.
A última fase é tão importante quanto às duas primeiras. Vamos devolver a vida tudo que a vida nos trouxe. A gratidão pela dádiva de viver e receber, agora ganha atitudes de doação.
Vivemos em sociedade e dela nos beneficiamos. Ninguém consegue viver isoladamente. Sozinhos não teríamos condições de sobrevivência. Não teríamos os ganhos de aprendizado, os financeiros e nem conseguiríamos realizar nossos sonhos. A gratidão é o sentimento que demonstra o reconhecimento por tudo que possuímos e auferimos na estrada da vida.
Qualquer profissional somente obtém algo, porque tem alguém disponível para ele atender. Não importa que serviço preste, se vende produtos, ou somente serviços. Precisa de alguém para comprar, trocar competências, sejam de sentimentos, de aprendizados ou financeiras. Da sociedade ele retira o sustento e a ela deverá ser grato e devolver os benefícios auferidos. É uma ação ganha-ganha.
Cada estágio parece ser uma preparação para o próximo, dando sustentação e abrindo caminhos. Em todas as três fazes podemos cooperar, doar e sermos solidários, vivendo ecologicamente inspirados. O respeito às leis naturais nos faz lembrar o poeta Silva Ramos:
“Rico, vivia a sós, desde longínqua data. Afagava o metal resplandecente e louro…Nem um pão a ninguém. Somente ouro e mais ouro. Entre pedras faiscando e baixelas de prata.
Conservava o vintém com a devoção de um mouro. Surge, porém, a dor que o despreza e maltrata. E, depois, vem a morte erguendo a foice ingrata,
Que o lança em desespero a fundo sorvedouro… …o infeliz Harpagão possui somente, agora, uma cama de terra e um cobertor de laje”.
Ao morrer você não leva o dinheiro que acumulou e sim o que doou. O que você manteve consigo fica para trás, o que doou você leva. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional, e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulogouveia@seubolso.com.br ou www.seubolso.com.br.